quarta-feira, 27 de abril de 2011

Resta dizer

Todos os dias o sol é o mesmo, mas sob ele mudam todas as coisas.
A mim já disseram, sei, pequenas obsessões carrego nos dentes. E o que vejo são necessidades imediatas, irremovíveis e pétreas,  em natureza de brasa viva, como vontade de andar à noite, chegar à orla, com os pés cavar-me na areia e de braços em haste, esperar o rugido do vento que corta. Por descuido ou caso pensado, salgar a boca e sentir o cheiro de sargaço e maresia, de bichos e homens, da festa que foi o dia e do sol que ali demorava. No lento raiar de minutos, deixar a salina cobrir as lentes e voltar a rota com a maré na pele, como se nesta presente casca se pusesse uma segunda tez.

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